Observo muito a cidade, os espaços falam, e tem lugares que as coisas encaixam, que pedem uma arte, um trabalho.
Eu transito muito nas periferias, nas bordas, e também no centro, assim eu consigo ver a cidade como um ponto de experimentação o tempo todo. Nesses últimos anos eu acho que o que tá nas bordas é o mais legal, sinto necessidade de colocar meus trabalhos nesses lugares, na periferia, onde as pessoas não tem acesso a arte, e não conseguiriam ver, acho o máximo esse espaço na rua ser tão democrático, onde qualquer um pode chegar, e pintar.
A arte urbana no Brasil chegou em um momento muito difícil do pais, junto com a democracia, com a liberdade de poder dividir com as pessoas, e encontrou espaço nesse cenário. O Stencil surgiu porque existia a necessidade de rapidez pintando na rua, e por poder ser repetido uma infinidade de vezes.
No meu trabalho eu gosto de subverter os signos, isso é o que mais me apaixona, você tira um pouco a sacralização dos objetos, sempre com bom humor pra ser mais leve, não precisa chegar na porrada, questionando o egoísmo, o egocentrismo. Criei uma série, a “arte ordinária”, comecei com as Mona mineis, criticando o sistema, o poder de um grupo, de um signo. Nessa série eu usei os clássicos nos meus trabalhos, que eu gosto de trabalhar, comecei com a Monaliza, o Freud, Jesus Cristo… que são representações de signos. As pessoas se incomodam quando você subverte esses signos. A arte contemporânea é muito banalizada, as pessoas não conseguem assimilar tudo, e seus valores acabam se diluindo.
Minhas influencias são os Pop’s, mas o artista que mais me chama atenção Sigmar Polke, o pop alemão, sobre tudo dos anos 60.